
Não foi um jogo do Corinthians, mas o Pacaembu lotou nesta terça-feira (1º de junho) durante a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), convocada pelas cinco principais centrais sindicais do país (CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB). Cerca de 30 mil militantes compareceram ao evento unitário, que destacou a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento, com soberania, democracia e valorização do trabalho.
A unidade da classe trabalhadora caracterizou a reunião dos sindicalistas e foi exaltada nos discursos dos dirigentes das centrais. “Estamos demonstrando que os trabalhadores têm a sabedoria de deixar de lado suas divergências e realizar um evento como este em que unimos nossas forças para defender os interesses maiores da classe trabalhadora”, salientou o presidente da Nova Central, José Calixto Ramos. “Nosso trabalho não se encerra aqui”, salientou. “Este é o início de uma grande jornada de luta”.
Novo Brasil
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (o Paulinho da Força) foi no mesmo diapasão. “Temos que saudar a unidade, pois foi a unidade que impediu a retirada de direitos trabalhistas e fez nossa luta avançar. Barramos a Emenda 3 e com as marchas unitárias em Brasília conquistamos a política de valorização do salário mínimo, que muito contribuiu para tirar o Brasil da crise”, afirmou Paulinho. “Esta conferência tem um objetivo muito claro, que é o de entregar aos candidatos à Presidência uma pauta com 249 itens de um modelo de Brasil que queremos. Temos aqui representantes de 5 mil sindicatos”, acrescentou.
Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), declarou que após a Conclat “o movimento sindical será outro. Já temos as bases para criar um novo Brasil, unindo todo nosso povo, os partidos e as organizações progressistas. Nossa responsabilidade é grande e os desafios não são pequenos. 0 maior deles é elevar o protagonismo da classe trabalhadora na luta política nacional”.
Desafios

“A unidade garantiu conquistas e vitórias importantes”, reiterou Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores). “Podemos citar a política de valorização do salário mínimo, a ratificação da Convenção 151 da OIT [que assegura o direito de organização, negociação e greve ao funcionalismo], o reajuste da tabela do Imposto de Renda, entre outras conquistas da unidade. Temos ainda grandes desafios, como a alta rotatividade da mão de obra, a redução da jornada sem redução de salários, o reajuste das aposentadorias e pensões. Mas, nosso principal desafio é não permitir o retrocesso neoliberal. Temos de continuar no caminho da mobilização e da luta para emplacar a agenda da classe trabalhadora por um novo projeto nacional de desenvolvimento, com democracia, soberania e valorização do trabalho”.
De São Paulo,
Umberto Martins
As cinco centrais garantiram mobilização e bastante visual para marcar presença no 1º de junho
As atividades da Conclat tiveram início por volta das 10h. Segundo os organizadores, eram cerca de 30 mil trabalhadores entoando o hino nacional. Em seguida, os representantes das cinco centrais que organizam o evento – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) – se revesaram no microfone, apresentando as pautas presentes nos seis eixos do documento distribuído, intitulado “Agenda da Classe Trabalhadora pelo desenvolvimento com soberania, democracia e valorização do trabalho”.
Representantes de organizações sindicais internacionais e de partidos políticos – PCdoB, PSB, PT e PDT – também tiveram espaço para manifestação no palco dos trabalhadores. Após as falas dos partidos, foi a vez das intervenções dos movimentos populares. O tom dos representantes das entidades foi de uma continuidade da Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, realizada na segunda-feira (31/5), também em São Paulo, pautando a importância da plataforma aprovada na atividade da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e os diversos pontos de unidade com a plataforma das centrais.
O representante da Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) e a vereadora Eunice Cabral (PDT) foram os primeiros a falar. Eunice é vereadora pelo município de Piracaia (SP) e também presidente do Movimento de Mulheres do Diretório Estadual do PDT e do Sindicato das Costureiras de São Paulo.
Reafirmando o Projeto Brasil
As falas do conjunto de entidades da CMS, entretanto, foram concentradas em um único momento. Dito Barbosa, o Ditinho da Central de Movimentos Populares (CMP), abriu as falas das entidades da CMS comparando os esforços da diplomacia brasileira em defesa da paz com o bárbaro ataque das Forças da Marinha de Israel à frota humanitária integrada por ativistas de diferentes países que se dirigia a Gaza para entregar produtos de primeira necessidade e medicamentos aos palestinos. Ditinho puxou uma vaia de todo o estádio à atitude de Israel, apoiada pelos Estados Unidos, como lembrou o militante.
Após a fala da CMP, a presidente da Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), Bartíria Costa, fez sua intervenção. Para ela, a Conclat é um “momento histórico para o país, que marca a unidade das centrais para construir um projeto”. Bartíria disse ainda que a plataforma das centrais se soma ao Projeto Brasil, formando uma “unidade dos movimentos sociais para avançar nas mudanças e combater o retorcesso no Brasil”.
A fala de João Paulo Rodrigues, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também pautou a unidade, no caso, entre os trabalhadores do campo e da cidade. João Paulo denunciou o “envenenamento do solo” pelos agrotóxicos e disse que o MST vinha à Conclat reafirmar seu compromisso com a Reforma Agrária e dizer que continuará ocupando terras improdutivas como forma de luta. O movimento, segundo ele, quer ainda “garantir que os trabalhadores do campo continuem no campo”. O líder sem-terra finalizou sua fala bradando contra as grandes empresas, pela redução da jornada de trabalho, contra a criminalização dos movimentos sociais e defendendo a solidariedade a Cuba, à Palestina e a autonomia de todos os povos.
Eloquente orador, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, fez referência ao Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), ocorrida em 1981: “30 anos depois, temos que tirar um ensinamento: é o protagonismo popular que nos conduz à conquista de avanços, que nos permitiu conquistar a redemocratização do país, que foi capaz resistir às políticas de Fernando Henrique Cardoso, e que nos garante a conquista de mais e mais direitos para a classe trabalhadora”.
Além da UNE, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União da Juventude Socialista (UJS) também marcaram presença na Conclat
O representante dos estudantes citou avanços na área da educação como conquistas da classe trabalhadora e para os seus filhos, citando especificamente o Programa Universidade para Todos (ProUni). Augusto finalizou dizendo que a marca da Conclat é que os trabalhadores querem mais, que se organizarão para conquistar mais, e arrematou: “essa unidade é capaz de transformar o Brasil! É chegada a hora de, definitivamente, conquistar o futuro do Brasil sobre as nossas mãos”.
Mulheres na luta, mulheres no poder
Além dos representantes de movimentos sociais que falaram no palco, entidades dos movimentos de mulheres estiveram presentes e valorizaram a participação feminina na Conclat. Para a representante da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), e da Federação Democrática Internacional de Mulheres (Fdim), Márcia Campos, “a principal questão para as mulheres se emanciparem, se libertarem, é o acesso ao trabalho, em todas as categorias”. Sônia Coelho, a Soninha da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), lembra que o trabalho das mulheres ainda é precarizado, que o salário delas ainda é 70% do salário dos homens, e ainda que as mulheres negras recebem cerca de 50% do que recebem as mulheres brancas. Reforçou que a luta pelo trabalho digno é uma luta de todas as mulheres.
Foto: Luana Bonone

Membros do movimento hip-hop fizeram bandeiras grafitadas da CTB
Para a representante da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Stumpf, “a presença expressiva de mulheres na Conclat demonstra o protagonismo que elas vêm assumindo no mundo do trabalho e também à frente das centrais e dos sindicatos”. Para Lúcia, a luta contra o machismo exige a presença das mulheres nos espaços de poder, inclusive nos espaços de poder dos movimentos sociais. “Esta é uma condição para conquistarmos um país mais livre e desenvolvido”, disse Lúcia, comemorando quantidade de mulheres oradoras durante as atividades da Conclat.
Nas arquibancadas e alambrados, outros movimentos também se fizeram presentes, com suas bandeiras, militantes e até sua arte. A Conclat segue coma leitura do “Manifesto pelo desenvolvimento com soberania, democracia e valorização do trabalho” e as falas dos presidentes das cinco centrais sindicais. Acompanhe a cobertura do Vermelho.
De São Paulo, Luana Bonone
Extraido > vermelho.org.br
02/06/10
Para a representante da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Stumpf, “a presença expressiva de mulheres na Conclat demonstra o protagonismo que elas vêm assumindo no mundo do trabalho e também à frente das centrais e dos sindicatos”. Para Lúcia, a luta contra o machismo exige a presença das mulheres nos espaços de poder, inclusive nos espaços de poder dos movimentos sociais. “Esta é uma condição para conquistarmos um país mais livre e desenvolvido”, disse Lúcia, comemorando quantidade de mulheres oradoras durante as atividades da Conclat.
Nas arquibancadas e alambrados, outros movimentos também se fizeram presentes, com suas bandeiras, militantes e até sua arte. A Conclat segue coma leitura do “Manifesto pelo desenvolvimento com soberania, democracia e valorização do trabalho” e as falas dos presidentes das cinco centrais sindicais. Acompanhe a cobertura do Vermelho.
De São Paulo, Luana Bonone
Extraido > vermelho.org.br
02/06/10
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